Esse é um conteúdo que vai fazer você refletir por algo que já está acontecendo de forma tímida há muito tempo e que vem sendo praticado cada vez mais nas organizações, já está aí, já é uma realidade.
Vivenciei isso nos meus 30 anos de experiência dentro de organizações, onde pude conviver e praticar um termo hoje denominado como anticarreira. O que é isso, é não ter carreira? Bom, vou explicar o que realmente isto significa através deste conteúdo. Este termo peguei emprestado de um escritor, Joseph Teperman, que tem um livro chamado ‘Anticarreira’. Neste artigo vou trazer algumas questões do livro e alguns exemplos que aconteceram comigo que acho que são importantes e, são fatos que estão nos acompanhando no dia a dia.
O termo anticarreira não é seguir uma carreira tradicional, aquela que está em uma vertical direta, limitando suas possibilidades. A carreira, como explica o escritor, vem do latim e significa caminho estreito, onde você fica meio que sem saída. Isso fez muito sentido para os profissionais no passado, para os nossos pais, nossos avós, que fizeram uma carreira e perduraram numa organização por muito tempo. Hoje já não é uma realidade. Hoje, muitas pessoas falam que a gente vai ter mais de três carreiras, três profissões diferentes ao longo da vida. Hoje, se fala que a gente vai fazer no mínimo três mudanças de carreira ao longo do tempo. O processo é cíclico. O que o autor trouxe no livro ‘Anticarreira’ é sobre ‘Você precisa olhar para as oportunidades. Você precisa olhar para o processo e ver o que está acontecendo’. Então, o autor traz algumas questões importantes. Quem se interessar, vale a pena ler o livro, muito bem escrito, são mais ou menos 200 páginas, tratando deste assunto anticarreira.
Primeiro, que construir uma anticarreira é ir além da sua profissão. Um exemplo, sou formado em matemática com desenvolvimento de sistemas. Quem me conhece e me acompanha sabe a minha história, de matemática eu fui para finanças e hoje lido com gente e estou indo para a questão de educação. Então, estou construindo muitos processos que não dependem da minha formação profissional. O que eu quero dizer é que não importa se eu entrei numa organização, lá no início, como um programador, analista de sistema e saí como um gestor de projetos globais, lidando com formação direta de estrutura e profissionais. Isso aconteceu porque eu consegui ver oportunidades. Então, o que está falando para gente é ir além da sua profissão é olhar para as oportunidades.
É um engano pensar que a gente, quando sai do ensino médio, tem uma ampla capacidade, uma ampla visão no início de uma faculdade do que fazer profissionalmente. Fiz a minha faculdade porque gostava de matemática e gostava de computação, então fiz matemática com análise de sistema. Essa foi minha opção, mas ao longo da minha trajetória profissional comecei a perceber coisas diferentes. Eu queria aprender finanças, eu fui para finanças. Fiz auditoria interna, controles internos, fiz controladoria, Lean Office, passei por várias áreas, porque eu busquei estas oportunidades de aprendizado em outras áreas. Não existe só uma única maneira de crescer e evoluir profissionalmente. Bom e o médico, por exemplo? Dentro da Medicina tem as suas variações, assim como a Engenharia. Para quem gosta muito do processo de formação e usar esse processo para sua carreira, isso existe, mas é muito pequeno em relação ao que temos no mercado. O livro ressalta bastante que as novas carreiras que estão surgindo, são processos diferentes, carreiras que hoje nem existem, mas que os nossos filhos ou as crianças de hoje, os adolescentes de hoje, vão começar a lidar quando entrarem no mercado de trabalho. Essas novas carreiras que estão surgindo precisam ser observadas.
O que eu falo e o que venho trazendo de conteúdo para você nesses diversos conteúdos, é que a gente precisa olhar para as oportunidades. A anticarreira não significa que vou olhar a minha carreira, quero seguir passo-a-passo, vou ficar naquele caminho estreito. Que vou esperar o primeiro da fila passar para o cargo acima, para depois eu conseguir passar para o lugar dele. E, se ele não passar, fico parado, pois o caminho não me permite passar junto com outra pessoa. Um exemplo, só para gente ilustrar. Esse bloqueio natural é o que faz as pessoas hoje ficarem insatisfeitas com o trabalho que fazem, porque elas não veem possibilidades, elas olham a possibilidade só de uma maneira, numa linha reta, numa vertical direta à posição onde ela se encontra.
Olhe e, principalmente, transite pela organização se você tem possibilidade. Transite em meios diferentes, vá fazer voluntariado, prestar suporte e dar ajuda para as pessoas, entidades não governamentais que têm Assistência Social. Faça isso, você vai enriquecer o seu conhecimento para atuar muito mais e melhor no futuro. Hobbies, comece a desenvolver um plano B em paralelo. Eu, enquanto trabalhava, tinha um plano B. Hoje tenho a minha empresa, mas com planos B, C e D já em execução. Porque eu tenho medo de ficar numa só? Acho que uma só não ajuda a gente, não leva a gente lugar nenhum. Ou a gente amplia a nossa visão, busca essas oportunidades, ou a gente vai ficar estagnado sempre esperando o próximo da fila andar. Isso não faz o menor sentido. Nos dias de hoje, as pessoas querem trabalhar, estão cada vez mais trabalhando por projeto, início, meio e fim. Pego um projeto e lanço em uma plataforma para ser executado, por exemplo. Tenho uma necessidade X, então através desta necessidade recebo várias propostas para execução dessa necessidade, escolho a que melhor me atende, a proposta vencedora realiza o processo, entrega o projeto, recebe o seu pagamento e vida que segue. É isso, as pessoas cada vez mais estão trabalhando nesse tipo de conceito. Construir uma anticarreira é ir muito além da sua profissão e ficar atento nas carreiras que estão surgindo.
Acompanho os relatórios do Fórum Econômico Mundial, da Deloitte, da Ernst Young, de um monte de empresas que trazem elementos importantes, nos quais apresentam as habilidades, as características e as necessidades para as empresas no futuro. Hoje já sabemos, temos um apagão enorme de tecnologia. Tem muita demanda de tecnologia para se estruturar, promover a transformação digital para a empresa, inovar nas organizações, mas não tem mão de obra capacitada para atender esta demanda. Busque inovar e mudar sempre. Essa é outra dica que o livro traz, que concordo em 100%, porque inovar e mudar é uma necessidade constante. Hoje, se eu parar no tempo, eu vou ficar estagnado e vai ficar mais difícil seguir adiante.
As mudanças são constantes, isto é um fato não questionável. Existem duas possibilidades para você lidar com uma mudança. A primeira é você tenta segurar a mudança, mas ela vai puxar de qualquer forma e a segunda é você começar a entender a mudança e, assim, promover e acelerar a mudança antes das outras pessoas. Assuma o controle da sua carreira, a carreira é sua, não da empresa. Não espere que uma empresa vá ter um plano de carreira lindo e maravilhoso para você, é impossível. São inúmeras variáveis, que a empresa não consegue controlar. Pode acontecer algo melhor do que a empresa apresenta, bem como pode ser pior. Acontecer exatamente o esperado é ser extremamente prescritivo, é tentar desenhar um caminho que você vai seguir passo a passo, considerando o sucesso das pessoas, cada um no seu passo, como um relógio Suíço e aí sim, você consegue avançar no seu tempo. Isso não existe mais, mas não existe mais mesmo. Não tem nem como fazer. A carreira é sua, onde você busca novas experiências e começa a ver novas oportunidades que estão ao seu redor, você certamente conseguirá aproveitar muito mais.
Busque sempre se aprimorar. Aprender é algo para a vida toda, Lifelong learning, aprendizado contínuo, eterno aprendiz. A expectativa de vida das pessoas cresceu e se a gente não se adaptar, vai continuar vivenciando uma cultura, ainda existente no trabalho, onde as pessoas entre 45, 50 anos não são produtivas, pois esta cultura acredita que elas não têm mais esse gás que, teoricamente, os jovens têm e, além disto representa um custo para as organizações, então elas não são mais bem aceitas. Esse processo está mudando um pouco, mas ainda não são bem aceitas, infelizmente. Com isso, estas pessoas nesta faixa etária precisam entender e atuar rapidamente em novas possibilidades para poder viver os seus 30, 40 anos que restam ainda, para atingir a expectativa de vida atual que gira em torno de 80 anos. Esta expectativa está aumentando cada vez mais, ano após ano. Aprender sempre é melhorar suas expectativas para novas oportunidades. Por isso, olhar para estas oportunidades, tentar inovar, enxergar as mudanças, adaptar-se às mudanças rapidamente é algo que a gente precisa fazer cada vez mais.
Se você não leu o livro Anticarreira, recomendo que você leia e traga esses assuntos que eu comentei aqui. Uma coisa que eu venho falando em todos os meus conteúdos praticamente: a gente precisa olhar para as necessidades e oportunidades. As empresas estão repletas de necessidades. Você, quando tem visibilidade de inúmeras necessidades para atender as metas e objetivos da empresa, você conecta as oportunidades de carreira, de profissão, de anticarreira, não importa como será chamado. Mas olhe para as necessidades que a empresa precisa, o que você precisa para atender aquilo, no que você precisa se desenvolver e pelo processo de Lifelong learning, continue aprendendo constantemente. Mas aprenda o que é necessário. Não fique buscando coisas que estão aparecendo na internet ‘O curso era 10.000, agora está de graça, vou fazer’, não é isso. É igual um guarda-roupa com uma roupa com etiqueta há mais de um ano, que você comprou em uma promoção e está lá, sem uso. Essa é a mesma questão do conteúdo.
Estou entrando no meu último, aparentemente, até então, meu último processo, minha última profissão, vamos dizer assim. Estou indo para a área de educação. Acredito que a base para gente construir empresas melhores, profissionais melhores é a educação. Mas não é essa educação tradicional, é outra educação. É a educação do que eu preciso, necessidades, passo a passo, evolutiva e não imposta, onde eu não preciso aprender algo e eu vou usar aquilo sabe lá quando. É uma questão evolutiva baseada na necessidade.
Está começando mais um novo percurso a percorrer, não será o último. Tenho essa mensagem para você: se você está a busca de uma carreira, pare e reflita. Olhe, analise quais são as suas possibilidades dentro da sua organização ou você vai ficar pingando de empresa em empresa. E aí, você vai sempre ficar insatisfeito com o que faz. Quando você está insatisfeito, o mercado percebe que você é uma pessoa insatisfeita e talvez não tenha atratividade nas empresas. Quando você busca alternativas, remove barreiras para atingir as suas necessidades dentro da mesma organização, é isso que a gente fala de anticarreira. Vá além da sua profissão. Busque, olhe, amplie a sua visão para poder ver novas possibilidades e crescer profissionalmente. Se você tem uma visão de carreira, busque essa carreira. Se você é um adepto do anticarreira, talvez a palavra não seja a mais correta, mas é uma palavra que vai fazer você pensar em ampliar suas oportunidades, sair daquele caminho estreito para um caminho muito mais abrangente, com mais alternativas onde você começa a capturar essas alternativas e se desenvolver em função delas.