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A gestão que acredita nas pessoas gera melhores resultados

Vamos falar sobre uma coisa que muito comum no dia a dia, uma necessidade real, onde muita gente pratica e que tem um resultado excepcional: Falo sobre o voluntariado.

O voluntariado é um processo que nos ensina muita coisa. Nós, como empresários, empreendedores e líderes de equipe, podemos usar esse conhecimento para trazer resultados importantes para nossas organizações.

E aí, a gente começa a entender como é que as empresas autogeridas funcionam.

Qualquer desastre, seja por um impacto social, ambiental ou qualquer acontecimento que requeira um auxilio emergencial, este fato requer uma ajuda, que promove algo realmente grande e mobilizador, promovendo um pouco de conforto e consolo para quem recebe. Se você pratica o voluntariado, se você, como muitas pessoas, se dedica a fazer a diferença com alguma causa, você vai entender o que estou falando muito mais facilmente. Se você ainda não faz o voluntariado, o dia que você fizer, primeiro que você vai se contaminar com isso, porque é importante para todos, tanto para quem é voluntário como para quem recebe ajuda. Isso fará diferença para sua vida, tenha certeza absoluta disto.

Aprendi a exercer o voluntariado há mais de 20 anos, minha iniciação ocorreu uma empresa que eu trabalhei, uma multinacional, onde a cultura é muito forte nesta questão. Além da cultura da empresa que viabilizou isto, a minha futura esposa me incentivou na época. Devo isso também a ela, que me fez enxergar algo que para mim hoje é uma prática do meu dia a dia. Toda vez que posso eu atuo com voluntariado para poder ajudar as pessoas.

Voluntariado funciona muito bem. É uma união de pessoas que não têm hierarquia alguma, mas tem uma coisa em comum: um propósito verdadeiro. Não tem nada que diferencie um voluntário de outro dentro de uma causa, todos estão focados e direcionados para aquilo, para que aquele problema seja resolvido. É isso que se espera nas empresas. Se existe uma comunicação alinhada e as pessoas entendem o porquê das coisas, ótimo, você tem um conjunto de pessoas trabalhando em relação a isso.

Voluntariado não recebe nada financeiramente, afinal é voluntário, mas recebe algo em troca que faz muito bem para quem pratica. O esforço e a recompensa são equilibrados. Porque o esforço e a dedicação de ajudar um processo com mais gente, não sozinho, vai fazer a diferença e traz uma contribuição inerente à prática do voluntariado. Na verdade, quem mais se beneficia com o voluntariado é o próprio voluntário. Sem dúvida, isso é muito relevante.

Outro elemento que a gente vê no voluntariado é ausência de hierarquia. Existe uma autonomia muito maior para quem se propõe a ser voluntário. São mobilizações que as pessoas têm para arrecadar alimentos e mandar para uma área necessitada, por exemplo. Demonstra iniciativas, cuja a autonomia é importante para que as pessoas encontrem meios de ajudar aquela causa, aquele objetivo. Isso nas empresas tradicionais não é aceito, porque preciso seguir um certo padrão, fazer de uma certa forma. Não se tem muita autonomia. E o grande medo das pessoas é de dar autonomia para os colaboradores, pensando que eles vão fazer qualquer coisa e fazer com que as coisas desandem. Olhe o exemplo do voluntário, onde uma causa ou uma determinada situação de desastre ambiental ou ecológico, envolvendo pessoas ou não, precisa ter atenção especial, pois é uma situação em que existe a real necessidade de ajuda. Neste contexto, o processo flui naturalmente porque todos compreendem, todos estão alinhados, sabem das dificuldades e como podem ajudar. Cada um faz o seu melhor e o resultado, sem dúvida nenhuma, é fantástico. Não vi nenhuma questão de voluntariado que foi rejeitada pelas necessidades que estavam inerentes àquela situação.

Não existe hierarquia, não existe processo padronizado, existe uma autonomia e um propósito único. Ser voluntário é entender o porquê se está fazendo aquilo. As empresas autogeridas, por exemplo, entendem o que precisam. Se você sabe os objetivos, as metas, estratégicas da organização e tem na sua mão a responsabilidade para atingir determinado resultado, você pode fazer de uma maneira um pouco diferente do habitual, mas que o resultado apareça e que seja favorável. Lógico, não vá fazer algo que seja fora das regras da companhia, conduta de ética por exemplo, aí são outras coisas, não é isto que é ter autonomia. Se  você começar a pensar que está num processo de parceria dentro de uma organização e você está lá com atitude de voluntário, você tem consciência plena do que é necessário, sabe que todas as pessoas estão lutando e tentando atingir o mesmo resultado, existe um ambiente colaborativo muito forte, similar ao processo de voluntariado, e consegue atingir essas metas de uma maneira que pode ser diferente, porém de maneira bem assertiva, esse é o resultado esperado, é o que se precisa.

Essas parcerias têm um prazo de validade. A gente não nasce junto com as pessoas, a gente não morre junto com as pessoas. Existe um processo de transição nestas parcerias com as pessoas. Enquanto essa parceria for positiva, que é o que acontece no voluntariado, o voluntário se sente bem em fazer aquilo, ele vai continuar fazendo.

A única diferença ou acréscimo que eu faria na atitude do voluntariado é pensar, além do assistencialismo, que é suprir uma necessidade momentânea, pontual, pensar no próximo passo. Pensar só no assistencialismo, é só resolver o problema aqui agora e acabou. Fazendo uma analogia com grandes empresas “Vou receber meu bônus, vou fazer tudo para receber meu bônus. Recebi e acabou. Não tenho mais esse compromisso”. Não é isso. O próximo passo é “E, amanhã? O que você vai fazer para essa entidade, para essa situação não acontecer de novo? Ou, como você pode ajudar para que se acontecer esse processo seja minimizado de forma mais rápida”. É pensar mais a frente, pensar um pouco mais além, não só no assistencialismo, que ele é importante, não se nega isso, só que você precisa pensar no próximo passo isso. Isso que se deve adicionar à atitude de voluntário. Pratique voluntariado dessa forma. Certo ou errado, acredito muito no processo de gerar independência para as entidades, independência para as pessoas, independência para que elas possam seguir adiante e minimizar os seus impactos. Eu pratico assistencialismo condicionado ao próximo passo, sempre. Dentro de uma organização, isso já é natural. Você vai planejar o seu próximo passo, planejar o que vai acontecer depois de atuar agora.

Essa correlação é para você refletir sobre o perfil do voluntário, o processo de voluntariado, o quão efetivo ele é. Não tem hierarquia, fomenta o trabalho em equipe, tem um propósito muito claro e definido, além de uma responsabilidade por um resultado e uma autonomia para fazer isto acontecer.

Voluntariado é simplesmente assim. Funciona porque se dedica ao processo comum, a uma relação de pessoas através de um objetivo muito claro, um objetivo comum. É isso que você pode tentar fazer na sua organização. Por que este processo não funciona na sua empresa? Olhe para isso. Como os silos organizacionais, onde cada silo defende o seu quadradinho e existe um conflito entre eles, uma gestão de conflitos que é totalmente desnecessária, pois todos estão dentro de uma mesma empresa. Imagine se o voluntariado agisse dessa forma, seguramente não funcionaria de uma forma relevante, como é feito hoje?

Essa correlação pode ajudar com algumas percepções para a sua organização. Conceito de voluntariado não quer dizer que a pessoa vai trabalhar de graça para você. É o princípio do voluntariado, o que está por trás deste conceito, desta prática: trabalho em equipe, propósito muito claro e definido, esforço e recompensa definitivamente equilibrados, não tem necessidade de hierarquia, você pode até usar hierarquia na organização, não tem problema, mas isso não pode ser um peso, uma imposição para as pessoas ou uma barreira. Tem que ser um processo simples, que faça fluir e faça acontecer. Todo voluntariado traz ideias extremamente relevantes.
Você usa várias pessoas, vários capitais intelectuais para atingir um bem comum, o objetivo, o verdadeiro propósito?

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